De acordo com os estudos do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) divulgados em 2007,o planeta apresenta um quadro preocupante, principalmente para os países mais vulneráveis. A temperatura global tem aumentado de forma assustadora, sendo estimado um acréscimo de 5,4°C até o final do século, ameaçando vários ecossistemas. Segundo o IPCC (2007), 90% das mudanças climáticas têm causa na ação humana.
A sustentabilidade, expressão que vem se popularizando, traz consigo a concepção de que é possível existir um processo de desenvolvimento que atenda as necessidades e as aspirações das gerações presentes e futuras. Busca-se outras formas de desenvolvimento que não acompanham a lógica do modelo de produção e consumo do sistema capitalista fundada na exploração sistemática e ilimitada de todos os recursos da Terra, incluindo os seres humanos.
Durante a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro em 1992, conhecida, também como Rio-92, a Agenda 21 foi um dos documentos centrais das discussões, juntamente com a Convenção sobre Mudanças Climáticas e a Convenção Sobre Diversidade Biológica, sendo os três assinados por Chefes de Estado nesse evento. Esse trio tratou de praticamente todas as grandes questões socioambientais, demonstrando a inter-relação entre eles e suas conseqüências em nossas vidas.
A Convenção Sobre Diversidade Biológica é o principal fórum mundial na definição do marco legal e político para temas e questões relacionadas à biodiversidade ((http://www.cdb.gov.br/CDB). A Convenção sobre Mudanças Climáticas, assinada durante a Rio-92, entrou em vigor em 1994 propõe ações e diretrizes para o combate ao aquecimento global, por meio do protocolo de Quioto, e vem sendo discutida nas Conferências das Partes (COP).A Agenda 21 Global é um documento que está voltado para os problemas prementes de hoje e tem o objetivo de preparar o mundo para os desafios do próximo século. Ela reflete um consenso mundial e um compromisso político no nível mais alto no que diz respeito ao desenvolvimento e à cooperação ambiental. Reconhece que o desenvolvimento sustentável e a proteção do meio ambiente somente serão viáveis com o apoio das comunidades locais, que terão ações locais com a visão global dos problemas a serem enfrentados. Por isso, uma das grandes recomendações da Agenda 21 Global é que cada país signatário construa a sua própria Agenda 21. O Brasil tem a sua Agenda 21 e incentivo à construção de processos locais.
A Agenda 21 tem sido um instrumento importante para a transformação da realidade. Quando se pensa em utilizá-la, é porque há uma reflexão de que a maneira como está se vivendo é insuficiente para perenizar a vida humana no planeta. É preciso, além da mudança nas relações entre pessoas e a natureza, mudar as relações entre os próprios seres humanos, repensando princípios e valores vigentes na sociedade. A Agenda 21 brasileira tem seus princípios baseados na Carta da Terra.
A Agenda 21 traz no caminhar dos seus passos (mobilização e sensibilização; criação do fórum da Agenda 21; elaboração do diagnóstico participativo; elaboração, implementação e avaliação e monitoramento do plano de ação) a construção coletiva da práxis em todo o processo de planejamento e ação que devem resultar na transformação da realidade, tendo em vista a construção de um mundo sustentável, diagnosticando e entendendo os conflitos envolvidos e pactuando formas de resolvê-los. O processo de Agenda 21 significa, então, o exercício da democracia participativa, coloca à mesa o poder público e os setores econômicos e sociais da sociedade, pactuando cada passo a ser dado.
A juventude não está deslocada dessa realidade. No Brasil, são 34 milhões de jovens, segundo dados do IBGE (2000). Esse segmento se organiza em diferentes espaços com o intuito de construir um mundo cada vez mais sustentável. Entre esses espaços, estão processos de Agenda 21 em escolas, comunidades, cidades, etc.
Atualmente tem se discutido a construção da Agenda 21 da Juventude Brasileira. Esse processo visa organizar as juventudes para a discussão da sua realidade dentro de uma perspectiva ambiental, com o intuito de construir ações que contribuam para a transformação da realidade, levando em consideração suas peculiaridades como segmento.
O tema mudanças climáticas também é pauta de discussão da juventude, uma vez que ela também sofre com o aquecimento global. Principalmente quando falamos de jovens das periferias das cidades e jovens do campo. Estes, além de sentirem a opressão de classe, etária, étnica e de gênero, sentem com intensidade as conseqüências das ações humanas na natureza.
Por isso, a importância de construir um processo em que seja possível o diálogo entre as diversas juventudes, o estado e o setor privado na perspectiva de consensuar ações e políticas que estejam de acordo com a realidade desse segmento e as suas aspirações, sem comprometer as gerações futuras e repensando princípios e valores da sociedade.
A Agenda 21 da Juventude Brasileira é um passo para a construção da sustentabilidade. A discussão do modelo de desenvolvimento é a base para iniciar qualquer processo de Agenda 21, e no caso da juventude não deve ser diferente, o que contribui para a mudança de comportamentos, princípios e valores da sociedade.
Por Rebeca Raso
Estudante de Economia Doméstica da UFC, Coletivo Jovem pelo Meio Ambiente - Ceará, Juventude Alternativa Terrazul e REJUMA.
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*Artigo publicado na Revista Agenda 21 e Juventude
2 comentários:
Ficou OTIMO o Blog! Valeu garotas!
Parabéns pelo trabalho e pela atitude de criar este blog que possibilita uma maior interatividade e troca de informações e experiências. Sejam bem-vindos a esta fantástica rede virtual!
Aproveito para divulgar meu blog:
www.paratudototensa.blogspot.com
Um abraço!
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